O que é meio de comunicação hoje?

Por Marcelo Bergamin Conter

Palestra realizada para a aula aberta “Dos meios de comunicação às indústrias criativas”, ocorrida na FAMECOS, PUCRS, em 29 de agosto de 2023

            Quando o professor Deivison Moacir Cezar De Campo me convidou pra falar sobre “o que é meio de comunicação hoje?”, eu imediatamente lembrei de Marshall McLuhan. Ou seja, não interpreto a pergunta querendo respondê-la sugerindo qual é o meio do momento, e sim, como os meios contemporâneos estão transformando radicalmente a forma como nos comunicamos. McLuhan não apenas fez uma análise impressionante dos meios de comunicação de sua época, os anos 1960, como também projetou como estaríamos nos comunicando agora. Operando com uma linguagem similar a da publicidade, ele criou aforismos que mais pareciam slogans publicitários. O mais celebrado, e alguns de vocês já devem ter ouvido, é “o meio é a mensagem”. Mas não nos enganemos: ele não quer dizer com isso que o conteúdo é irrelevante, tampouco uma inversão de valores. O que está implícito ali é que “amensagem é a mudança de escala, cadência ou padrão que este meio ou tecnologia introduz nas coisas humanas”. Ou seja, o meio configura e controla a proporção e a forma das ações e associações humanas. O Drive-Tru só existe porque existe a malha rodoviária. A lâmpada só liga e essa palestra só pode acontecer neste formato porque turbinas estão girando com a força d’água em Itaipu. O meio pretende-se transparente, como a água do aquário para os peixes, como a televisão que se pretende janela para a realidade.

            Na época em que McLuhan escreveu suas teses, a energia elétrica, a transmissão via satélite, o rádio e a televisão estavam proporcionando ao mundo a possibilidade de tornar a comunicação praticamente instantânea. Nós, que vivemos 60 anos depois destas ideias, já nascemos imersos na comunicação simultânea. Mas eu gostaria hoje de destacar uma diferença que existe entre as mídias da época de McLuhan para as mídias digitais.

            Quando ouvimos rádio AM ou FM a informação é fragmentada e convertida em ondas senoidais que vibram milhões de vezes por segundo, rebatem na ionosfera e perambulam em tempo real pela atmosfera para que qualquer receptor possa sintonizá-la. Com a TV aberta é parecido, mas o sinal passa da ionosfera e é rebatido por satélites.

            Obviamente, quando eu ouço rádio ou vejo TV aberta, eu não posso voltar, assistir de novo, fazer buscas. O fluxo radiofônico ou televisivo se confunde com o fluxo da minha vida. Não é à toa que a TV acompanha nossas rotinas: jornal no café da manhã para sair ao trabalho bem-informado; receitas antes do almoço; jornal de infotenimento no almoço seguido de esportes, para boa digestão; e assim por diante. Era preciso esperar até tarde da noite para ver um episódio novo de uma série, a gente via um único episódio por semana e depois isso era assunto com os amigos para a semana inteira, porque todo mundo assistia tudo ao mesmo tempo. Assim era a vida até a virada do milênio.

            Como bem expressa Philip Dubois, a informática veio para absorver todas as mídias anteriores. Ela traduz qualquer informação visual ou sonora em bits, que podem ser arquivados em unidades de armazenamento como discos rígidos. Navegar pela internet é, sempre, vasculhar um arquivo. Um grande arquivo que seria construído pela comunidade, pelo povo, como muitos profetizaram.

            Diferentemente da instantaneidade e do fluxo constante da televisão e do rádio, os dados que acessamos pelo computador ou celular são sempre uma duplicata de um dado que está arquivado em outro lugar. Enquanto a TV analógica era uma imagem do presente, na internet, tudo é sempre uma imagem do passado. Mesmo quando assistimos “TV ao vivo” pela internet. Quem vê um jogo de futebol pela web e ouve o vizinho que ainda tem rádio gritando gol dois minutos antes sabe do que eu estou falando. É que TV pela internet envolve uma série de procedimentos de codificação, decodificação, buffer, compressão de dados, descompressão de dados, passagem por vários pitstops(servidor, caixa da internet do prédio, modem, computador) e tudo isso causa o famoso delay. Se pesquisarmos pelo endereço da Famecos no Google, daqui mesmo, essa requisição pode sair do continente para voltar com os resultados. No meio do caminho, pode passar por um cabo submarino enquanto um tubarão tenta morder a informação.

            Então, por mais ágil, transparente e aparentemente simultânea que a experiência com a web nos pareça, nós estamos sempre olhando para uma imagem, um som ou um texto do passado, quase como um telescópio que observa a luz de estrelas que não mais existem. Então, retomando a pergunta, o que é meio de comunicação hoje?, eu diria que são os meios que lidam menos com o presente e o futuro e, ao invés disso, investem-se de imagens do passado para reorganizá-lo no presente.

            Lembrando que, de acordo com Henry Bergson, o passado não é o que foi, mas o que é, o que se acumula no presente, como uma bola de neve que incha a medida que avança. O que é meio de comunicação hoje? É o acúmulo de todo o passado dos meios de comunicação. Nós ainda fotografamos, ainda filmamos, ainda escrevemos.

            Gostaria de relembrar outra coisa que o McLuhan disse. Ele percebeu que, toda vez que um novo meio de comunicação surgia, ele precisava imitar as mensagens dos meios anteriores. Quando surge a internet, surge o termo “página” para se referir às URLs, porque era preciso que a web se parecesse com livros, revistas, bibliotecas, algo que já estávamos acostumados, até que ela tomasse sua própria forma. E ela vai fazer isso resgatando o princípio do arquivo, que é a base de todo sistema informático que utilizamos. E um meio de comunicação que tem como fundamento a produção de sentido partindo do tratamento de dados arquivados irá certamente afetar os modos como produzimos cultura.

            Quem percebeu isso com clareza foi o crítico musical Simon Reynolds, que em 2010 escreveu o livro Retromania. Ele reconheceu que entre 2001 e 2010 não surgiu nenhum gênero musical novo que tomasse conta das paradas, mas uma grande revisitação de estéticas de décadas passadas, como é evidente na obra de Amy Winehouse, White Stripes, Strokes, Florence & The Machine, eu adicionaria aí Cachorro Grande, para ficar apenas em alguns exemplos. Ele percebe aí um reflexo dos novos hábitos de escuta de música, que mudam dramaticamente com o advento do Napster, da pirataria e em especial do acesso à memória total da música pop por meio de sites como o YouTube. A nova geração de músicos passa a ser menos influenciada pelas tendências impostas pelo mainstream e as modas do momento e mais pelo mar de informação que o arquivo digital oferece. 

            Na década seguinte, entre 2011 e 2020, softwares de edição não-linear e controladores MIDI irão facilitar processos criativos, mas em cima de samples, a partir do arquivo, portanto. Se na década passada a norma erainspiração no passado, agora parte-se para o sampleamento dos arquivos do passado. Imaginem uma bola de neve que incha à medida que se refere a si própria. O gênero musical que melhor representa esse novo cenário é o vaporwave. Em síntese, trata-se do rearranjo do arquivo audiovisual e sonoro da era da web 1.0 – com todas as suas promessas futurísticas, gráficos assépticos, sons de alerta de sistemas operacionais como Windows 95 etc. – sendo colocados em justaposição com imagens visuais e sonoras relacionadas simbolicamente ao capitalismo financeiro dos anos 1980 – comerciais de TV de multinacionais; Muzak; smooth jazz e outros gêneros musicais típicos de spas, resorts e saguões de hotéis cinco estrelas –. O que o vaporwave fez foi colocar na frente do palco aqueles sons e imagens que antes pensávamos apenas ser parte do fundo para realizarmos um consumo irônico – aquele jingle chato do McDonald’s que trocávamos de canal quando começava, aquela música cafona do Kenny G que tocava na sala de espera do dentista.

            Com o vaporwave relembramos aberturas de seriados, comerciais de TV da nossa infância e percebemos que estas memórias eram compartilhadas não só com nossos amigos, mas com pessoas do mundo inteiro, porque, obviamente, são expressões do capitalismo financeiro. Pickering e Kightley são certeiros ao dizerem que “ao invés de nos lembramos de experiências pessoais, é mais provável que nos lembremos de experiências mediadas e, como tal, a mediação do passado é um processo pelo qual a mídia pode fixar e limitar a memória social”.

            O vaporwave é uma expressão do underground. Do lado do mainstream, estamos vivenciando a era da plataformização, o caminho pelo qual se tem conseguido combater a pirataria, mesmo que isto implique em músicos mal pagos e o enfraquecimento das cenas locais. Nos entregamos às plataformas, mas sem desconfiar que, assim como o vaporwave, elas também realizam as suas operações no arquivo, ressignificando o passado nos seus próprios termos. A plataformização acabou com a utopia da web 1.0, com a ideia de que o mundo virtual seria horizontal e sem fronteiras. Há uma dimensão política por trás disso tudo, uma lógica neoliberal que estabelece controle dos fluxos e da retenção de informação para fins de arquivamento de dados por parte de empresas privadas. Jussi Parikka escreve em seu livro O que é arqueologia da mídia que

O poder não mais é circulado e reproduzido apenas através de espaços físicos e instituições – como a clínica ou a prisão analisadas por Foucault – ou práticas de linguagem, mas ocorre nos interruptores e relés, software e hardware, protocolos e circuitos dos quais nossos sistemas técnicos de mídias são feitos.

            Na época das mídias analógicas, a gente via um televisor na sala e poderia dizer para si “olha, um meio de comunicação”, e depois para o rádio e “olha, outro meio”. Hoje, nós estamos imersos em um meio de comunicação que arquiva tudo o que processa. E com isso eu quero dizer imersos em diferentes sentidos. Primeiro que essa não é uma ideia nova. Muniz Sodré já escreveu sobre o bios midiático, McLuhan sobre a Aldeia Global, e antes ainda, Vernadsky falava em noosfera. Ondas de wi-fi, 4g, 5g, bluetooth, AM, FM, VHF, UHF e tantas outras como a frequência dos bombeiros, da polícia e as rádios piratas, estão ocupando a atmosfera, o que também não é nenhuma novidade. 

            Em 2013, numa Semana da Imagem na Unisinos, Vinícius Andrade Pereira comentou que a ideia de offlinetinha acabado. A gente ainda saía da internet, desconectava o computador, mas quando reconectava tinha que lidar com os emails e demais mensagens que nos enviaram enquanto estávamos fora, porque o arquivamento não para mais. Naquela época, a falsa separação entre real e virtual já começava a erodir. 

            Dez anos depois e a coisa ficou muito mais intensa, porque não existe mais o offline: hoje os programas que utilizamos ou escondem os caminhos pelos quais nós podemos nos desconectar ou sequer nos dão essa opção. Saímos da sociedade disciplinar de Fouacult para a Sociedade de Controle de Deleuze. Luís Martino sintetiza esta ideia, dizendo que “as informações eletrônicas sobre o indivíduo permitem que seus padrões de consumo, lazer e ações cotidianas sejam continuamente monitorados e redesenhados nos gráficos e planilhas”. Sejam as fotos e vídeos que tiramos nas viagens, as opiniões que emitimos nas redes sociais, tudo isto vira arquivo para que o poder circule a partir não só da extração descontrolada dos recursos naturais, como tem sido desde os primeiros estágios do capitalismo, mas também para que o poder circule a partir da mineração descontrolada de nossos dados pessoais. Bifo Berardi denomina este estágio de semiocapitalismo. E é isto que quero dizer com imersão, por que a produção de sentido se confundiu com a produção de capital. A experiência de vida, hoje, é a de viver imerso em um grande meio de comunicação, cada um no seu Show de Truman pessoal, mergulhado na tediosa tarefa de produzir imagens do passado para alimentar o semiocapitalismo. E parece não haver alternativa, porque nós nos conformamos, nós assinamos os termos de condições, nós estamos assistindo a chegada do antropoceno por meio de produtos da industrialização, que é um dos principais agentes da mudança climática. Os meios de comunicação e os meios de poluição são os mesmos. Para Mark Fisher, a situação que vivemos é deprimente, porque se antes o grande problema social na era do capitalismo industrial era o tédio (trabalhar 30 anos numa mesma fábrica e depois se aposentar), o grande problema social do capitalismo tardio é que ele substituiu o tédio pela ansiedade, seja pelo caminho da precarização do trabalho, seja pelo caminho das micro doses de distração que as redes sociais nos oferecem com drops de imagens do passado. Observando por este ângulo crítico, percebemos que as crises políticas, ecológicas, sociais, culturais e sanitárias que estamos vivendo, portanto, são sobretudo uma crise de futuro.

VII Jornada de Semiótica e Culturas da Comunicação

Nos dias 22 e 23 de junho de 2023 ocorreu a VII Jornada de Semiótica e Culturas da Comunicação, realizado pelo Grupo de Culturas de Pesquisa e Comunicação (GPESC) na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (FABICO) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), contando com o apoio dos núcleos de pesquisa Corporalidades e a SemSono.

No evento, que ocorreu de forma híbrida, foram apresentados diversos trabalhos de pesquisas finalizadas e em andamento, com posterior discussão.

Os integrantes da SemSono André Santos Marchese e Marcelo Bergamin Conter  apresentaram o trabalho de pesquisa “Everywhere At The End of Sample”: Lembrança e esquecimento de samples sonoros na obra de The Caretaker, que trata-se de uma investigação de uma série de expressões musicais que circulam no YouTube atualmente e que parece inaugurar novos modos de escuta e regimes de signo para a música ambiente. O trabalho faz parte do projeto de pesquisa em andamento “Semioses Afetivas na Música Ambiente Contemporânea”.

O evento, com intensas reflexões e trocas, foi mais uma oportunidade de fortalecer a relação da pesquisa e produção de conhecimento significativo, uma vez, que essa interação potencializa o aprimoramento da qualidade dos trabalhos e reflete na produção acadêmica dos participantes.

III CIPS

De 6 a 9 de junho de 2023, a Linha de Pesquisa Semiótica e Sonoridades (SemSono) participou da III Conferência Internacional de Pesquisa em Sonoridades (III CIPS) na Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. 

A Conferência teve como tema  Sons do Fim do Mundo e se deu de modo online e presencial. Na modalidade presencial,  foram 24 painéis, dez performances artísticas, e uma exposição abrangendo trabalhos audiovisuais e instalações sonoras. Como palestrantes principais, a professora e pesquisadora Ana Maria Ochoa Gautier – Tulane University (USA), especialista em auralidades, pesquisadora em história decolonial, estudos sonoros e mudanças climáticas e, também, relação entre indústrias criativas; e o  professor Luis Cárcamo-Huechante – The University of Texas at Austin, pesquisador mapuche, que dialoga com textos literários, programas de rádio e música para discutir questões indígenas. Ambos contribuíram com seus conhecimentos e percepções sobre as temáticas de suas pesquisas, proporcionaram diversas reflexões e conjecturas acerca da aliança das temáticas que permeiam suas falas.

Integrantes da  SemSono apresentaram seus trabalhos de pesquisa: Marcelo Bergamin Conter com Timbrando muito, economizando mais ainda: signos da precariedade de bandas brasileiras de rock independente, Ana Christina Cruz Schittler, Marcelo Bergamin Conter e Paulo Albani com Você é a última pessoa da Terra durante um inverno nuclear, Afetos do antropoceno em playlists de dark ambient no YouTube, Camila Proto com A la notácion du temps latént: decalques sonoros do mundo,  Mario Arruda com Estéticas da música pop que resistem ao fim do mundo e Cássio de Borba Lucas com Códigos e Tecnologias da escuta da natureza no mercado de ruídos para o bem-estar.

O grupo ainda colaborou na organização do evento, integrando as comissões organizadora e artística.

Camila Proto, Mário Arruda e Marcelo Bergamin Conter apresentaram, ainda, a performance “Como arranjar uma ilha: movediça” no encerramento do evento que ocorreu no Tropigalpão na Glória-RJ. A conferência foi um catalisador de promoção de conhecimento e reflexões acerca das sonoridades relacionadas com a temática proposta, bem como um espaço de conexão e diálogo entre pesquisadores interessados.

Evento de pesquisa no IFRS Alvorada: VI Jornadas de Semiótica e Culturas da Comunicação

VI Jornadas de Semiótica e Culturas da Comunicação

7 e 8 de Julho de 2022

Inscrições gratuitas para ouvintes até 4 de julho. Clique aqui!

O Grupo de Pesquisa Semiótica e Culturas da Comunicação – GPESC, em parceria com Grupo de Pesquisa Sonoridades, Materialidades da Comunicação e Cultura – SIMC, realiza sua VI jornada de estudos por meio de encontro presencial, na modalidade híbrida, para discutir os projetos de pesquisa de seus integrantes. O evento ocorre nos dias 7 e 8 de julho, nos turnos da manhã e da tarde.

A mesa de abertura do evento contará com as palestras de Marcia Fernanda de Mello Mendes (IFRS) e André Araujo (APPH). A programação completa, com os demais trabalhos a serem apresentados, será divulgada em breve.

O evento ocorrerá de forma híbrida e os interessados em participar como ouvintes poderão assistir ao evento de forma presencial ou online. Não haverá transmissão pública nem gravação do evento em vídeo. Como se trata de projeto de extensão cadastrado, haverá emissão de certificado para quem assistir a mais de 75% do evento.

A inscrição como ouvinte está disponível a todos os interessados até 4 de julho e pode ser feita neste link.

Agradecemos a sua participação!

Realização: 

IFRS Campus Alvorada

SIMC – Grupo de Pesquisa em Sonoridades, Imagem, Materialidades da Comunicação e Cultura

SemSono – Linha de Pesquisa Semiótica e Sonoridades

GPESC – Grupo de Pesquisa Semiótica e Culturas da Comunicação

Apoio: 

FABICO/UFRGS/PPGCOM

PodCast Semioses Afetivas do Timbre #5 – Sintetizadores

O PodCast Semioses afetivas do timbre trata-se de uma série em que apresentamos o resultado de um projeto de pesquisa coordenado pelo Prof. Dr. Marcelo Bergamin Conter entre 2018 e 2021. O projeto foi realizado no Instituto Federal do Rio Grande do Sul e contou também com o apoio do CNPq e da FAPERGS.

Neste episódio, vamos centrar nossas atenções para os timbres produzidos pelos sintetizadores.  Vamos observar o uso deste instrumento na obra  de algumas das bandas que entrevistamos em nosso projeto. Em destaque, neste episódio, observaremos as técnicas dos seguintes artistas: Paula Rebellato, vocalista e tecladista do trio Rakta, de São Paulo; Desirée Marantes e seu projeto individual Harmônicos do Universo, também de São Paulo; Zeca Viana, de Recife; e Mario Arruda, produtor e vocalista da banda Supervão, de São Leopoldo

Episódio 05 – Sintetizadores

Locução
Juliana Kolmar
Gabriel Gularte
Ligia Lazevi

Edição de áudio
Laufe Bitencourt

Texto
Eric Pedott

Revisão de texto
Marcelo Bergamin Conter

Entrevistados

Zeca Viana
Desirée Marantes
Mario Arruda
Paula Rebellato
Carla Boregas

Trilha Musical

Kraftwerk – Taschenrechner
Zeca Viana – Clínica de Brinquedos
Harmônicos do Universo – Para o Alto; Nashira; Vega
Rakta – WARA (笑笑)
Supervão – Loteria; Asabelha e a Capoeira; Cadilac Olodum; Degradê; Fim de Nós; Amiga Online (feat. Olho Mecânico)
Zeca Viana – Estância; Olhar de Neon; Hotel Malibu

Referências Bibliográficas

UEHARA, H. Joy division / new order: nada é mera coincidência. São Paulo: Landy, 2006.

Artigo “A força afetiva do timbre na obra de Rakta: Rituais sônicos e transformações corpóreas”

Foi publicado no dia 1 de dezembro na Revista Tropos: Comunicação, sociedade e cultura V.10 n 2 (2021) da Universidade federal do Acre, o artigo: “A força afetiva do timbre na obra de Rakta: Rituais sônicos e transformações corpóreas” escrito pelo Prof. Dr. Marcelo Bergamin Conter em conjunto do bolsista de I.C. Eric Pedott.

O artigo é parte do projeto de pesquisa O timbre como afeto no rock independente brasileiro: uma abordagem semiótica e reflete sobre os processos sígnicos que emergem das construções de timbragem realizadas pela banda RAKTA em suas composições, objetivando compreender o timbre como um agente de comunicação afetiva que opera através de uma lógica imanente. Para tanto, adotamos por perspectiva teórica a filosofia da diferença de Deleuze e Guattari. Nesta perspectiva, o timbre não se reduz à sua forma atual: há ainda um lado virtual do timbre, que se expande a cada atualização, efetuando uma dobra afetiva de si. Como metodologia de análise, mapeamos (1) a máquina sociotécnica que condiciona as timbragens e (2) as atualizações dos timbres ao vivo e no estúdio; em seguida, (3) descrevemos as semioses afetivas que decorrem dessas atualizações.”  

A obra da Rakta nos permite efetuar uma análise sobre a força afetiva das sonoridades de suas composições musicais, em especial nas transformações corpóreas que decorrem das atualizações de timbragens, visto que todos os membros têm uma grande preocupação com este elemento, empregando diversos equipamentos de modulação sonora nas composições. Nossa proposta é a de que o timbre possa ser observado através de um modelo comunicacional imanente. Ao invés de ser um transmissor de emoções, o timbre é aqui apresentado tanto como um evento (o resultado de uma mistura de corpos) como um corpo transformado (afeto). Nesta perspectiva, o timbre não é reduzido apenas à sua forma atual. Há ainda um lado virtual do timbre que expande sua virtualidade a cada atualização e que efetua uma dobra afetiva de si. Temos como prognóstico que as semioses afetivas do timbre na obra da Rakta criam uma comunicação menor, em que a precariedade, o feminismo, políticas do corpo e outras micropolíticas se expressam afetivamente, e que mesmo sendo de forma não-logocêntrica, são capazes de engendrar novos mundos sônicos possíveis.

Confira o artigo completo clicando aqui.

Acesse a revista por aqui.

Improviso, literatura e lançamentos: uma conversa com a banda Rakta
Rakta: Em ordem de aparição, Paula Rebellato (vocais e sintetizador), Carla Boregas (baixo e sintetizador) e Maurício Takara (bateria e eletrônicos). Fonte: https://musicnonstop.uol.com.br/improviso-literatura-e-lancamentos-uma-conversa-com-rakta-que-participa-do-festival-nao-existe/

PodCast Semioses Afetivas do Timbre #4 – Band In a Girl

O PodCast Semioses afetivas do timbre trata-se de uma série em que apresentamos o resultado de um projeto de pesquisa coordenado pelo Prof. Dr. Marcelo Bergamin Conter entre 2018 e 2021. O projeto foi realizado no Instituto Federal do Rio Grande do Sul e contou também com o apoio do CNPq e da FAPERGS.

Neste episódio, vamos observar como as dicotomias de gênero, em especial o feminino versus o masculino, afetam e são afetadas pelo timbre no rock independente brasileiro através da obra musical de diversas musicistas. 

Episódio 04 – Band In A Girl



Locução:
Juliana Kolmar / Lígia Lazevi

Edição de áudio:
Laufe Bitencourt

Texto:

Marcelo Bergamin Conter, Juliana Kolmar, Ingrid Luz e Gabriel Gularte

Revisão de texto:
Eric Pedott e Jeferson Costa

Entrevistados:

Maria Joana de Avellar

Samira Winter

Julia Barth

Letícia Rodrigues

Paula Rebellato

Gabriela Terra

Bruna Vilela

Foley:

Marcelo Bergamin Conter

Trilha musical:
Marcelo Bergamin Conter – Vinhetas Sonoras

Cine Baltimore – Saca

Miêta – Room

Winter – Crazy

Winter – I Feel

Cine Baltimore – Cowgirl

My Magical Glowing Lens – Dreaming Pool

Rakta – Atrativos da Mentira

My Magical Glowing Lens – Azul Cósmico

Cine Baltimore – Os Astronautas Voltam Sempre Estranhos 

Sterea – Frusci

Cine Baltimore – Saca

Cine Baltimore – Yeah Yeah Yeah

Rakta – Falha Comum

Harmônicos do Universo – Maia 

Adorável Clichê – Derrota

Adorável Clichê – Compressa

Miêta – Math

Rakta – Filhas do Fogo

Rakta – Fim do Mundo

Referências bibliográficas

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs – capitalismo e esquizofrenia 2, vol. 4. São Paulo: Ed. 34, 2012.

FONAROW, Wendy. Empire of dirt: The aesthetics and rituals of british indie music. Wesleyan University Press, 2006.

OAKES, Kaya. We’re gonna have to be the band: Olympia, Riot Grrrl, and the Great Independence. IN: ______. Slanted and enchanted: the evolution of indie culture. Holt Paperbacks, Nova Iorque, 2009. p. 136-153.

THOMPSON, Marie. Gossips, Sirens, Hi-Fi Wives: Feminizing the Threat of Noise. IN: GODDARD, M.; HALLIGAN, B.; SPELMAN, N (Orgs.). Resonances: noise and contemporary music. Norfolk: Bloomsbury, 2013. p. 297-311.

WAKSMAN, Steve. Instruments of desire: the electric guitar and the shaping of musical experience. Harvard University Press, Cambridge/London, 1999.

Congresso Therolinguista: A(na)rqueologias da Terra

Começa amanhã, dia 18 de Novembro de 2021, o Congresso Therolinguista: A(na)rqueologias da Terra, que integra parte da programação do 7º Festival Kino Beat. A transmissão será feita a partir de link no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=dzNAKqxgrGU

“Seguindo o convite de Ursula Le Guin de disseminar a investigação therolinguística, o grupo A(na)rqueologias apresenta um encontro, no formato de congresso, que pretende ser um espaço de reflexões e propostas para uma retomada de comunicação entre seres humanos e não-humanos. Para além de um coletivo de pesquisadores, a A(na)rqueologia apresenta-se como um método científico e fabulatório para ressignificar os estratos dos fenômenos tecnológicos e comunicacionais.”

O festival, organizado em parceria pela Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grando do Sul, Oi e Associação de Therolinguística, ocorre entre os dias 14 e 30 de Novembro em modelo híbrido, com encontros on-line e presenciais, confira a programação completa no site.

https://kinobeat.com/


PodCast Semioses Afetivas do Timbre #3 – Setups

O PodCast Semioses afetivas do timbre trata-se de uma série em que apresentamos o resultado de um projeto de pesquisa coordenado pelo Prof. Dr. Marcelo Bergamin Conter entre 2018 e 2021. O projeto foi realizado no Instituto Federal do Rio Grande do Sul e contou também com o apoio do CNPq e da FAPERGS.

Neste episódio, vamos falar sobre a relação que os músicos independentes desenvolvem com seus equipamentos musicais no contexto brasileiro atual, cheio de adversidades como taxa de câmbio desfavorável, renda baixa e falta de iniciativas públicas de apoio à música. Nesse ambiente, os artistas precisam se adaptar com o pouco equipamento de que dispõem para desenvolver uma música complexa em timbragens.

Episódio 03 – Setups

Locução:
Juliana Kolmar / Gabriel Gularte

Edição de áudio:
Laufe Bitencourt

Revisão de texto:
Ana Clara Maia Beltrão dos Reis e Lucas Nucci Macedo

Foley:
Marcelo Bergamin Conter

Entrevistados:
Samira Winter
Gabriela Terra
Luden Viana
Benke Teixeira
Desirée Marantes
Bruna Vilela

Trilha musical:
Marcelo Bergamin Conter – Trilhas Instrumentais
My Magical Glowing Lens – Noite Estrelada (ao vivo no Bate, POA, 2017)
Cinde Baltimore – Saca
Winter – Jam no encerramento de show no Bate, POA, 2017
My Magical Glowing Lens – Space Woods
E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante – Medo de Tentar
Boogarins – Onda Negra
My Magical Glowing Lens – Dreaming Pool
Harmônicos do Universo – Todo fim é um começo
Winter – Sunshine Divine
Miêta – I Like You So Much Better When I’m Down
Winter – Alligator (ao vivo no Bate, POA, 2017)
Cine Baltimore – O Veneno

PodCast Semioses Afetivas do Timbre #2 – Afetos do Timbre

O PodCast Semioses afetivas do timbre trata-se de uma série em que apresentamos o resultado de um projeto de pesquisa coordenado pelo Prof. Dr. Marcelo Bergamin Conter entre 2018 e 2021. O projeto foi realizado no Instituto Federal do Rio Grande do Sul e contou também com o apoio do CNPq e da FAPERGS.

No episódio de introdução, apresentamos o problema de pesquisa e o contexto histórico, social, tecnológico e político em que as bandas brasileiras que estamos estudando estão inseridas. Como foi dito, nos interessa pensar sobre os afetos que são gerados pelos timbres das músicas dessas bandas. Por isso, neste episódio, vamos explicar o que são os timbres e como eles podem ser observados como afetos.

Episódio 2 – Afetos do timbre

Créditos

Locução:
Juliana Kolmar / Gabriel Gularte

Edição de áudio:
Laufe Bitencourt

Revisão de texto:
Ligia Lazevi

Efeitos sonoros:
Laufe Bitencourt
Ligia Lazevi
Marcelo Bergamin Conter

Trilha musical:
Marcelo Bergamin Conter – Vinhetas instrumentais
Laufe Bitencourt – Vinhetas instrumentais
My Magical Glowing Lens – Sideral
Boogarins – Dislexia ou transe
Miêta – Ages
E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante – Karoshi
RAKTA – Ruína
Supervão – Depois do fim do mundo
Le Almeida – Enamorandius
Harmômicos do Universo – um dia de sol no inverno
My Magical Glowing Lens – Raio de sol
Boogarins – Invenção
Cine Baltimore – Yeah Yeah Yeah
Gentrificators – Beatcoins