Semioses da música ambiente contemporânea

Nos últimos cinco anos, tornou-se comum o consumo de música que sirva como ambientação para nossas atividades contemporâneas, em especial para trabalhar, estudar, relaxar, dormir. Não se trata de canções, mas de música composta, arranjada e mixada especificamente para servir como ambiente, tranquilas, com andamento lento, sem mudanças drásticas de tom, ritmo ou de dinâmica, sem construção de clímax ou tensão, sem linhas vocais. Este consumo está atrelado a problemas típicos da sociedade atual, como ansiedade severa, sobrecarga ou precarização do trabalho, pressão por desempenho e falta de perspectivas para o futuro. As músicas que estudamos não necessariamente integram o gênero ambient music, mas sem dúvida operam como “música ambiente”, expressão que utilizaremos como guarda-chuva para compreender gêneros díspares como vaporwave, lofi hip hop, binaural, generative music, entre outros. Nos interessa analisar o compósito sônico formado por timbres, efeitos, instrumentos musicais, plugins de áudio e samples sonoros que compõem estas músicas. Intuímos que há uma dimensão política por trás do modo como elas são produzidas, mixadas e consumidas e que diz respeito aos modos como a sociedade contemporânea funciona. Para fins de análise, recorremos à construção teórica de pesquisa anterior do conceito de semioses afetivas do timbre. Os timbres, após se atualizarem materialmente como sons, geram desdobramentos afetivos nos corpos implicados no agenciamento, e ainda geram um desdobramento da virtualidade do timbre, expandindo suas possibilidades e dobrando a si próprio. Objetiva- se ainda: (1) descrever os processos de singularização de timbragem que ocorrem nas composições; (2) compreender as novas formas de escuta de música ambiente promovidas na internet, especificamente em canais do YouTube; (3) investigar os modos com que diversos subgêneros de música ambiente adaptam sua sonoridade às demandas do capitalismo tardio; e (4) analisar potencialidades políticas, culturais e de linguagem do timbre nos materiais mapeados. Espera-se contribuir para a área da comunicação, na compreensão de novos hábitos de consumo musical em redes sociais e plataformas de streaming, no desenvolvimento de reflexões teóricas sobre novas conformações sonoras da música ambiente e seus desdobramentos afetivos na sociedade, na cultura, na tecnologia, na linguagem e na política; e na adoção e adaptação de metodologias de análise sonora transdisciplinares para a área da comunicação.

Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Bergamin Conter

Bolsistas: Lígia Maria Lasevicius Perissé (PIBIC CNPq); Lucas Nucci Macedo (PROBIC FAPERGS); Guilherme Amaral Carvalho (PIBIC-EM CNPq); Paulo Henrique Costa Albano (PIBIC-EM CNPq); Nicole Bechi Robaski (PIBIC CNPq).

Artigos

Minecraft ambient music: escutas nostálgicas da trilha musical de Minecraft no YouTube
Marcelo Bergamin Conter; Lucas Nucci Macedo; Ligia Maria Lazevicius Perissé; Cássio de Borba Lucas

Resumo Expandido

Timbres nostálgicos: arqueologia das mídias sonoras no mallsoft
Lucas Nucci Macedo; Marcelo Bergamin Conter

Vídeos

Um ensaio sobre música eletrônica foi apresentado na II Conferência Internacional de Pesquisa em Sonoridades:

Trabalho apresentado no Congresso Therolinguista A(na)rqueologias da Terra: