O timbre como afeto no rock independente brasileiro

O presente projeto pretende compreender como o timbre, na música, é capaz de comunicar através de processos afetivos. Partimos da definição de Flo Menezes, para quem o timbre “não constitui um parâmetro do som, mas consiste antes na resultante dos demais atributos sonoros (a altura, a intensidade e a duração) inter-relacionados entre si” (MENEZES, 2003, p. 199). O afeto, por sua vez, será lido como forças, intensidades, sensações que podem tanto ser potencialidades quanto a ação de um corpo sobre outro. Queremos pensar o timbre do mesmo modo, para além da experiência estética, bem como da ideia de que seja um fenômeno que escapa à significação. Para tanto, também compreendemos o afeto como um signo, tal como proposto por Gilles Deleuze (2007). Assim, podemos encarar relações entre materialidades – humanas e não-humanas – como processos sígnicos. Para verificar esta hipótese, nós observaremos o timbre como afeto na obra de artistas do rock independente brasileiro. Essa escolha se apoia em Blake (2012), para quem o timbre tem um papel central nos processos de diferenciação da identidade sonora desse gênero musical. A relevância de tal estudo está na proposta de compreensão do timbre através de um modelo comunicacional imanente. Ao invés de compreender o timbre como um transmissor de emoções, aqui ele será apresentado tanto como um acontecimento (o resultado da mistura de corpos) quanto como um corpo transformado (afeto). Surge daí a necessidade de não reduzir o estudo à atualidade do timbre (ao momento em que ele se manifesta), observando, também, a rede sociotécnica que permite que ele se constitua como tal e, além disso, os desdobramentos afetivos gerados nos corpos após a manifestação do timbre. Estas três esferas de semioses (a rede sociotécnica, o momento de atualização e os desdobramentos afetivos) conversam entre si, produzindo signos que vão para além da transmissão de emoções.

Coordenador: Marcelo Bergamin Conter

Bolsistas: Eric Lima Pedott (PROBIC FAPERGS); Lucas Nucci Macedo (IFRS); Ligia Maria Lasevicius Perissé (PIBIC CNPq); Henrique Barbosa Reis (IFRS); Laufe Bitencourt (IFRS); Ingrid Cristina Pontes da Luz (IFRS); Gabriel Fagundes Gularte (PIBIC-EM CNPq); Juliana Henriques Kolmar (PIBIC-EM CNPq); João Gabriel Fernandes Mayer (PIBIC-EM CNPq); Ana Clara Mais Beltrão Reis (IFRS)

Voluntários: Cristyelen Ambrozio Ferreira; João Lucas Rios Silva; Jeferson Luiz Moraes da Costa; Julia De Lana Venhofen

Artigos

Semioses afetivas do timbre: formulação teórica para uma análise de sonoridades do rock independente brasileiro
Marcelo Bergamin Conter

Timbre como diferenciação para além do gênero musical: materialidades e semioses nas obras de Rakta e KOKOKO!
Marcelo Bergamin Conter; Nilton Farias de Carvalho

A composição de timbragens no rock independente brasileiro: afecções do tecnocolonialismo e da precariedade no setup dos músicos
Marcelo Bergamin Conter; Gabriel Fagundes Gularte

A força afetiva do timbre na obra de Rakta: Rituais sônicos e transformações corpóreas
Marcelo Bergamin Conter; Eric Lima Pedott

Agenciamentos do tecnocolonialismo nos processos de timbragem e gravação dos artistas do rock independente brasileiro
Lucas Nucci Macedo; Marcelo Bergamin Conter; Ana Clara Maia Beltrão dos Reis

Capítulo de livro

GUMES, N. V.; AMARAL, A.; JANOTTI JR., J.; CONTER, Marcelo B.; ARRUDA, M.; HERSCHMANN, Micael; SA, S. P.; SOARES, T.; QUEIROZ, T. A.; NOBRE, V. A.
Os sons que ecoam em tempos de pandemia – Estudos iniciais dos pesquisadores do GP Comunicação, Música e Entretenimento sobre as muda nças no universo do som e da música em decorrência da Covid- 19 In: Desafios da comunicação em tempo de pandemia: um mundo e muitas vozes.1 ed.São Paulo: INTERCOM, 2020, v.1, p. 193-212.

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